segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Me desculpe amor...(da série Pieguices I)




Primeiro as questões práticas:

observação (atenção: relevante apenas para os chatos) se o meu amor se importasse eu teria de dizer "Desculpe-me amor...", mas como ele não se importa, eu coloco o pronome onde eu quiser. Não amole-me!

observação (atenção: relevante apenas para o Sr. Editor - o imaginário) peço, encarecidamente, que o Senhor faça-me o favor de conservar o pronome do jeito que está - mesmo que seu estômago reclame com espasmos assustadores. Obviamente, o Senhor não está incluso no rol das pessoas chatas citadas acima, não se preocupe. Obrigada.

Recomecemos então o drama...


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Me desculpe amor,

Por molhar seu lençol com meu choro de aspirante à artista fracassada. Choro soluçado: canastrão fingindo desesperança.
Por ser tão tolerante com os meus defeitos intoleráveis e nem um pouco com os seus.
Por não conseguir ficar quieta nem quando você quer um tempo pra pensar sobre a última besteira que eu disse.
Por te sufocar com abraços quando você está assistindo filme, e depois ficar brava porque "Você não me ama mais como antes".
Por te dar beijos estalados na orelha, e rir quando você reclama do eco que eu deixo no seu ouvido.
Por cantar alto os refrões das músicas que a gente gosta, com a minha voz fina demais.
Por forçar você a ouvir todas as canções melosas que ficam na minha cabeça por dias, e ainda ficar brava quando você não finge que gosta.
Por sempre roubar o último pedaço de tudo que você está comendo, e reclamar que nunca tem nada na geladeira da sua casa.
Por te irritar ao extremo, só pra testar o seu auto-controle.
Por te fazer ler meus rascunhos só pra ouvir elogios.

Finalmente, me desculpe amor por ser tão piegas ao ponto de te pedir desculpas pelo nosso amor perfeito.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sobre a sua existência

O escritor tem horror em ser lido: o leitor lhe põe em pé - nu - e, com os olhos semi-cerrados, vê através de suas carnes.

O escritor tem horror em não ser lido: põe-se em pé - nu - e, com os olhos arregalados, não vê as próprias carnes.