Veja bem você, não sei mais de que me serve o meu orgulho, a sua função se perdeu pelo caminho, como cascas sem serventia.
Se pudesse, eu até expulsava-o de mim, lhe dizia adeus até nunca mais, pra não ter de me submeter novamente aos seus caprichos.
Caprichos sim senhor, porque ele é uma praga de insistência: me faz fingir, pisar em ovos, dizer meias verdades, não ligar e nem amar por inteiro e principalmente (cruelmente) guardar as minhas ridículas cartas de amor no fundo da gaveta, misturadas com papéis sem importância, jogadas ao amarelado do tempo.
Me faz ainda, dizer coisas que eu não sinto, pensar coisas que eu não quero, só não - talvez por intervenção divina - sentir outras coisas das quais não manda o coração.
Ele me põe algemas, acredita ? E se eu vou contra a sua vontade - vontade que independe do resto do corpo - ele se ofende e me diminui.
Quero o fim do meu orgulho, e quero já !
- Sai, sai, sai, chispa daqui de uma vez !
Quero ser irreal e ridícula, como as minhas cartas de amor ...
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